Rock in Rio encerra com super produção do Muse e sucessos musicais ao longo do dia
Por Bruno Guedes
O último dia do Rock in Rio neste domingo, 7, foi marcado pelos muitos hits entre as atrações no Parque Olímpico, zona oeste da cidade. No Palco Mundo, Muse fez um show longo, com muita produção porém frio, enquanto o Imagine Dragons surpreendeu com ótima performance. Sensação dos anos 2000, o Nickelback mostrou que sobreviveu a diferentes gerações. Bem como Paralamas do Sucesso, que repetiu os inúmeros sucessos de 35 anos de carreira.
No Palco Sunset o Melim conquistou a plateia com suas canções de positividade e as músicas populares. Lulu Santos também não deixou por menos e relembrou diversas épocas com Silva. Confira como foram os shows em detalhes.
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PALCO SUNSET
O último dia começou no horário previsto com o encontro entre O Terno e Capitão Fausto. Misturando MPB com pegada à lá Los Hermanos, o público que ia chegando ao Parque Olímpico e os grupos brasileiro e português abrindo com “Morro na Praia”. Também fizeram parte do repertório “Pegando Leve”, “Amanhã Tou Melhor”, “Culpa” e “Tem de Ser”.
Fenômeno da música nacional, os niteroenses do Melim subiram em um Sunset já completamente lotado e arrasaram. Carismáticos, abriram com “Peça Felicidade” e depois largaram o grande hit, para uma uníssona Cidade do Rock cantar: “Meu Abrigo”. Com repertório não tão grande ainda, aproveitaram o festival e fizeram um bloco inteiro com canções de reggae com Chimarruts, Natiruts, Bob Marley, Gilberto Gil e Skank. O jogo já estava ganho.
Depois partiram para outro grande sucesso autoral, “Ouvi Dizer”, para então chamarem a convidada Carolina Deslandes, portuguesa que flerta com a mesma temática e gênero. Mesmo não conhecida, a reação foi boa e o final, com todos cantando juntos “We Will Rock You”, do Queen, e Gabriela Melim pedindo mais amor e igualdade. Um show fofo e que enche de esperanças com a nova geração que surge em meio à pobre música brasileira.
Uma fábrica de sucessos. Assim sempre foi Lulu Santos e sua carreira cheia de grandes canções. Algo repetido em mais uma noite no Rock in Rio. O Sunset lotado acolheu muito bem o veterano cantor, que não abriu mão do seu pop romântico e ainda teve o encontro com a nova geração ao lado do Silva.
A abertura foi a sugestiva “Toda Forma de Amor” e seguiu com “Já é”, “Aviso Aos Navegantes” e “Sábado à noite”. Uma chuva de hits. Então Silva e Priscila Tossan, ex-participante do The Voice Brasil, subiram e cantaram “Fica Tudo Bem”, gravado com Anitta. Na volta, Lulu ainda presenteou o público com covers de “Admirável Gado Novo” e “Descobridor Dos 7 Mares”, que encerrou a apresentação.
No dia onde os grandes sucessos foram o carro-chefe, o King Crimson encerrou o ano de 2019 no Sunset fazendo o inverso. Usando e abusando do instrumental, o grupo musical inglês tocou para um público que já não era tão grande porém bem participativo. Com três baterias sobre o palco, fizeram parte da trilha “Red”, “Neurotica”, “Epitaph” e “21st Century Schizoid Man”.
Cada acorde parecia uma ode à música, justamente num dia mainstream. Os aplausos que fecharam o festival não eram apenas aos músicos, mas pela verdadeira paixão por arranjos e combinações que arquitetaram a diversidade musical dos ingleses.
PALCO MUNDO
Eles são veteranos de Rock in Rio e referências no rock nacional. Foi com a plateia já bem quente que os Paralamas do Sucesso abriram o Mundo com “Sinais do Sim”, lançada em 2017. A música foi a senha para uma fileira de hits que fizeram a alegria de todos: “Meu Erro”, “Alagados”, “Lourinha Bombril” e “Cuide bem do seu amor”.
“O Calibre”, canção mais recente, já entrou sob um forte coro. A comunicação com o público foi tão rápida que Hebert Vinna só deu os acordes para a versão de “Você”, do Tim Maia, para a Cidade do Rock cantar. Mesmo com a voz mostrando as dores do tempo e das tragédias, Hebert Vianna continua comandando gerações inteiras. Mesmo após 35 anos, são letras atuais e que dialogam com o momento do Brasil de 2019.
O encerramento, apoteótico, foi com os dois primeiros grandes sucessos e que consolidaram a carreira dos Paralamas após o Rock in Rio de 1985: “Vital e sua moto” e “Óculo”. O trio nunca decepciona. Quer espetáculo, chamem Vianna, Bi Ribeiro e João Barone.
Apelidados de “rock balada”, os já não tão veteranos do Nickelback foram a segunda atração da noite. O vocalista Chad Kroeger vestia uma camisa dos Ramones, mas o punk passou longe. O clima dos anos 2000 pareciam de volta com uma sequência cantada pela plateia, como “Photograph”, “Far Away”, “Hero”, “Rockstar” e “How You Remind Me”.
E assim como em 2013, o grupo conseguiu encontrar no headliner a faixa etária também do seu som. Cantando para duas gerações que viveram suas canções, os americanos atrairam bastante a atenção e o coração dos presentes.
O estilo que mistura balada com uma pegada mais pesada de rock, onde pedais furiosos e guitarras que gemem bastante dão o tom, a banda conseguiu manter acesa a plateia que pegou um show anterior cheio de sucessos também.
Com apenas 10 anos de carreira mas com vários singles no topo das paradas, o Imagine Dragons retornou ao Brasil pela quarta vez. Ano passado se apresentou no Rio e no Lollapalooza, onde o Cult Magazine acompanhou. Desta vez como co-headliner e mais fãs aguardando. A abertura foi logo com um dos mais famosos hit, “Believer”.
Foram cerca de uma hora e quarenta, sendo o segundo co-headliner mais longo desta edição, perdendo apenas para o Iron Maiden. Abraçado a uma bandeira do país e outra GLBT, o vocalista Dan Reynolds falou para o gigantesco público que seu pai estava ali e retornara após 50 anos. Com bastante efeitos especiais e um cantor que não parava no palco, a banda teve um dos maiores coro deste ano.
Antes de cantar “Birds”, Dan a dedicou para um amigo que se suicidou há alguns anos e a esposa do seu irmão, que morreu há 6 meses de câncer. Lembrando que todos têm alguém especial que perdeu, pediu que cantassem juntos.
Entre as surpresas estava um cover de The Police com “Every Breath You Take”. Ao interpretar “Demons”, o vocalista falou sobre ter sido diagnosticado com depressão há algum temp: “A vida vale a pena ser vivida”, declarou para delírio dos que ainda lotavam. No fim, o grande momento com “Radioactive”.
O trio inglês Muse foi responsável por encerrar a edição de 2019 no Rock in Rio. Pela sexta vez no Brasil, a banda usou bastante a parte visual que misturava futuro e passado. A turnê que chega ao país é divulgando o disco “Simulation Theory” e traz muitas luzes, dançarinos e efeitos especiais.
A abertura foi com “Algorithm” e uma gama de parafernália que ilustrava o cenário futurista que Matthew Bellamy, vocalista da turma, encarnava um personagem bem vivido com sua guitarra. Em “Supermassive Black Hole” a plateia colaborou do início ao fim e proporcionou um dos grandes momentos. Trilha de um dos filmes da saga “Crespúsculo”, está entre as mais populares do setlist levado à Cidade do Rock.
A produção esteve entre as mais bem preparadas, comparável a Iron Maiden e Pink, que se apresentaram sexta e sábado, respectivamente. Apesar de bem lotado ainda, o Parque Olímpico viu muitos irem embora durante ou após o Imagine Dragons. Além de ser uma segunda-feira, a programação atrasou cerca de uma hora por conta do extenso show anterior.
Do meio pro fim os fãs foram os mais participativos e já sem tanta interação dos que pareciam cansados após a maratona musical desses sete dias. Após diversas mudanças de roupa, Matthew reapareceu como no início em “Starlight”.
Fechando o festival, um gigante alien saltou do telão atrás do palco. A escultura, digna de escola de samba campeã do carnaval, atraiu mais atenção até que a performance da música “Metal Medley”. Um encerramento que deixou o Rock in Rio 2019 na lembrança dos apaixonados pela música.
FOTOS: ROCK IN RIO